Juventude Indígena Conectada - JIC - é um grupo de jovens indígenas do Ceará. Nós, os parentes, estamos distribuídos em 15 povos/etnias, com presença em diversos municípios e vem se reunindo semanalmente, participando de cursos de formação, promovidos pelo Centro de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos – CDPDH, fazendo a capacitação dessa juventude com temas importantíssimos para que esses multiplicadores levem todo o conhecimento e aprendizado para dentro de suas aldeias. Nós, jovens, temos como representatividade maior a Comissão de Juventude Indígena do Estado do Ceará, chamada COJICE.
Nós, jovens, resistimos a uma história que não é contada por nós, somos os que resistem a qualquer padrão e definições que a atual sociedade nos impõe, somos os que precisam sempre estar focados para que nossas forças não sejam cortadas, somos os que respeitam cor, raça e religião, somos os que comunicam que direitos devem ser direitos, não apenas meio termos, somos os que ouvem e os que permitem ter vez em um país que, quem governa, tem total indiferença quando se trata de direitos indígenas, somos os que confiam na Mãe natureza e os que se conectam com a ancestralidade. Persistimos em algo que vai além do respeito: defendemos as nossas culturas, os nossos sábios, as nossas florestas e os nossos animais, conhecimentos são apenas conhecimentos, quando não podem ser usados a um bem coletivo.
A JIC é uma ferramenta de luta e resistência dos povos indígenas para que, por meio das redes sociais, os jovens possam desconstruir uma série de estereótipos que as pessoas são acostumadas a ter em relação ao fenótipo das populações indígenas, principalmente do Ceará.
Depois de tantos encontros, foi abordada, e abraçada pela juventude, a ideia de criar uma rede de comunicadores (as). Essa rede conecta as aldeias e leva a força da juventude indígena cearense para os meios de comunicação. Esse processo de criação da JIC iniciou-se no dia 14/08/2020 que, através dos meios de comunicação, pudessem mostrar a realidade das aldeias, as culturas de cada povo, mostrar também que no Ceará tem “Índio” sim e contar sua história como ela realmente é: a história contada pelos próprios povos originários do Ceará.
Somos, jovens indígenas guerreiros (as), que buscam uma vida melhor e digna, com a demarcação das terras - sem terra não há vida, que querem ter vez e voz e mais espaço em vários setores dentro da sociedade, sofrem muito por conta do preconceito, não querem aceitar o que somos, mas justamente por isso, devemos ter voz ativa e se impor mais em determinadas situações.
A juventude que luta pela liberdade de expressão, trazendo com sorriso, um sorriso simples e sincero, e carregando com alegria no olhar e se afirmando como protagonistas da nossa própria história. Vamos apresentar uma nova forma de fazer comunicação social e política, sempre com auxílio dos nossos ancestrais e troncos velhos. Esse projeto nos dá oportunidade e também transparência nas lutas coletivas por inclusão social, educação, demarcação de terra, saúde e outros.
Em pleno século XXI, a sociedade nada mudou e vem se apresentando no corpo social como uma comunidade opressora que usa dos meios de comunicação (de Massas) como fonte de falácias contra as populações indígenas, construindo termos pejorativos e pensamentos negativos que a mídia da direita apresenta.
O objetivo da “JIC” é produzir notícias que apresentem a realidade de cada comunidade indígena, levando equidade e respeito. O processo será trabalhado por todos os jovens indígenas, garantindo liberdade de expressão e usando sua voz como fonte de sabedoria e sendo protagonista da sua história. Vamos ocupar os meios de comunicações, exibir a tamanha força que nós jovens herdamos das nossas raízes e ancestralidades.
Desde 1500, nós, povos indígenas, sofremos com isso: o Governo tenta, de todas as formas, apagar e aniquilar os indígenas da história do Brasil, a juventude se levanta ainda mais e assume um papel importante de participar, comunicar e conectar as aldeias, tornando, assim, ainda mais visível a luta indígena, buscando incansavelmente os nossos direitos, e lutando por nossa cultura que jamais será apagada.
O mais importante de sermos quem somos é ter em nossas veias o anseio por uma terra demarcada, para que nossas futuras sementes possam desfrutar de um território livre de ameaças e livre para viver em liberdade, sempre ensinando que nossas terras demarcadas serão sempre vidas garantidas.
A Juventude Indígena Conectada se destina ao movimento como o todo, a nossa juventude está fazendo esse trabalho, mas sempre nossos troncos velhos serão vistos como espelho para esse grupo, só estamos aqui porque existe um movimento e esse movimento não é de ontem, e sim desde 1500.
A JIC irá mostrar e concretizar quem somos, para que estamos aqui e o que queremos aqui: somos seres, queremos uma vida digna, que seja respeitada por todos e todas seja qual for sua ideologia ou segmento.
Concluímos que a JIC mostrará a tamanha importância dos jovens dentro do movimento, a juventude indígena de todo Estado irá apresentar, através dos meios de comunicação, as vivências e as culturas de cada povo e de cada aldeia, sempre honrando e zelando o legado desenvolvido por cada tronco velho e entendendo que eles são insubstituíveis, mas o nosso papel enquanto juventude é dar continuidade no que cada um e cada uma deixa.
Portanto, nós, da Juventude Indígena Conectada, estamos apresentando uma nova ferramenta de comunicação social, nos fortalecendo mentalmente e espiritualmente para darmos continuidade às nossas vivências, influenciando em novos hábitos, reunindo os povos para viver em um só, trazendo consigo uma troca de conhecimentos e nos avivando a continuar na luta por nossos direitos.
“Eu vou à luta com essa juventude!”
Autoria: Juventude Indígena Conectada - JIC
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